Decidi entrevistar o atleta Marco António, um guerreiro verdadeiramente apaixonado pela nossa modalidade. Vejamos o que ele tem para nos
dizer...
Nome: Marco António
Idade: 32
Profissão: Instrutor de Musculação nos ginásios Perfect Form e Energym
em Gaia e Nutritional Advisor na SL Nutrition.
Com que idade entraste no mundo da musculação? E o que te levou a tomar
essa decisão?
Entrei neste mundo um pouco por acaso, já que a minha paixão de miúdo á
semelhança da maioria dos miúdos por cá era o Futebol, mas também porque com o
passar da idade olhamos mais ao espelho e eu era extremamente magro, pesava
menos de 60 kgs e já tinha a altura que tenho hoje, cerca de 1,77.
Já sentiste alguma vez incompatibilidade entre o culturismo e a tua vida
profissional?
Nunca, visto que tenho a sorte de trabalhar em locais que tudo tem a ver com
a modalidade, tanto nos ginásios como na loja.
Foste sempre apoiado pela tua família e grupo de amigos desde o teu
começo nesta atividade?
De uma maneira geral sim, há sempre aqueles que não gostam mas aprenderam a respeitar como eu respeito as constantes saídas, as jantaradas fora aos fins-de-semana ou os maços de tabaco. A família sempre respeitou embora por vezes não entendam muito bem tanto sacrifício, mas sempre acompanharam e na preparação sempre estiveram ao meu lado.
De uma maneira geral sim, há sempre aqueles que não gostam mas aprenderam a respeitar como eu respeito as constantes saídas, as jantaradas fora aos fins-de-semana ou os maços de tabaco. A família sempre respeitou embora por vezes não entendam muito bem tanto sacrifício, mas sempre acompanharam e na preparação sempre estiveram ao meu lado.
Qual foi a sensação que tiveste na primeira vez que subiste ao palco numa competição?
Sinceramente foi um misto, mas mais frustração pois foram várias as coisas
que correram mal que me eram alheias, daí nem sequer ter conseguido disfrutar
totalmente do momento, no entanto apesar de todos os percalços gostei e penso
repetir claro.
Lembras-te do teu treino mais doloroso? Podes descrevê-lo?
Treino na maioria das vezes com alta intensidade, daí serem constantemente
dolorosos mas ao mesmo tempo prazerosos pois em cada gota de suor deixada no ginásio
é um prazer enorme pois é o nosso trabalho refletido em nós próprios, só quem
sente sabe. Talvez os meus treinos mais prazerosos sejam os de pernas, embora a
minha batalha constante sejam os pontos fracos, peitoral e gémeos.
Quais os fatores que consideras essenciais para se ser bem-sucedido neste
desporto?
Primeiramente ter mente forte e paixão no que está a fazer, como em tudo na
vida, depois ter um fator genético favorável, ter paciência e dar tempo ao
tempo pois maturidade muscular e resultados não aparecem de um dia para o
outro. Ter apoios extra são uma mais-valia pois este desporto como em todos os
outros também é investimento, e assim como não se pode pedir com todo respeito
ao Arouca que ganhe a Liga dos Campeões não se pode pedir a um simples atleta
sem apoios nenhuns que ganhe um Olympia...
Com um tão vasto histórico nesta modalidade qual é o teu próximo
objetivo?
Essencialmente melhorar dia após dia quer como atleta quer como profissional
desta área, não escondo a vontade de voltar a competir em breve, um dia de cada
vez e logo se verá. Quanto a preparar atletas só o farei em quem vir realmente
que gosta e segue as indicações até ao fim, pois sinceramente não tenho muita
vontade de dar tudo de mim a quem não cumpre com as guidelines da preparação
estipulada por mim...
Qual é a tua opinião sobre o uso de anabolizantes em competições? Achas que é
esse o motivo para que o culturismo não seja considerado uma modalidade
olímpica?
É uma questão de opção, as armas existem, não vale a pena escamotear essa situação,
usa-as quem achar que deve usar, creio que podem ser usados com critério e com
acompanhamento médico especializado sem haver problemas de maior com isso.
Quanto a não ser modalidade olímpica não creio, porque senão e sem rodeios nenhuns digo que não haveria jogos olímpicos pois não existem modalidades que fujam a esse tópico...Alguma vez consideraste a genética um entrave nesta atividade?
Não considero entrave pra competir e
melhorar significativamente a performance desportiva do culturista, mas
considero entrave sim pra conquistar títulos, pois numa competição em que ambos
estão numa condição excelente, com tamanho e proporção semelhantes, o fator
genético vai contar nessa hora para definir quem ganha. Creio que é o que se
tem passado por exemplo no Mr. Olympia dos últimos anos, em que Kai Greene
perde para o Phil Heat principalmente porque a genética de Phil bate em muito a
do Kai.
Na tua opinião, quais são os principais aspetos que um preparador tem de
ter em conta para que os seus atletas evoluam?
Acima de tudo humildade para saber
que não sabe tudo, pois o que há mais são preparadores que acham que sabem tudo
e que têm a fórmula mágica, e isso reflete-se depois na atitude dos atletas,
arrogante e com a perceção de que tudo sabem sobre competição e preparação de
atletas... No meu caso posso garantir que se algum dia eu achar que sei tudo
serei o maior Burro á face da terra, pois estamos em constante aprendizagem, e
neste desporto a partilha de conhecimento é uma ferramenta fundamental e
perceber que cada caso é um caso e não se preparam atletas por métodos de “copy
paste”.
Que conselhos gostarias de deixar aos leitores para que eles sejam
bem-sucedidos neste desporto?
Não sou ninguém neste desporto para
dar conselhos, mas acho que cada um deve primeiro competir consigo mesmo sem se
tornar demasiado egoísta, ou seja, façam o vosso trabalho diário ouçam quem vos
segue e que trabalha diariamente para melhorar o vosso desempenho, os
resultados vão aparecer, nuns casos mais cedo que outros mas vão aparecer.
Obrigado pela tua disponibilidade e boa sorte para o futuro.