Tens a paciência necessária para te
tornares num profissional?
Era de noite, deitei-me na minha cama e dei por mim a
pensar em tudo o que vi e presenciei durante todo dia, até que cheguei a uma
conclusão… O mundo é cruel e vai devorar-te no primeiro momento de demonstração de fraqueza e inferioridade. Desde pessoas
que não devolvem o dinheiro que um senhor distraidamente deixou cair no chão e
que provavelmente era a quantia total da sua reforma, um motorista a apontar
uma arma à cara de outro, porque o da frente ligou o pisca para a esquerda e
entrou para a direta, filhos que agridem os pais sem nenhum pudor ou
vergonha...
O ser humano consciente dos seus atos é o que
realmente me assusta, saber o que se está a fazer e mesmo assim fazê-lo. Mas
como fico eu no meio desta história? Serei eu um ser tão vulnerável às maldades
do mundo? Serei eu a dar o primeiro passo para que isto mude? Decidi ficar pela
segunda opção.
Pessoas aparentemente normais sofrem por todos os
lados, quem diria… Eu, um mero jovem obcecado pela disciplina, um troglodita
poeta que vive quase 24 horas com uma bolsa cheia de refeições para cima e para
baixo, um visionário que insiste em tentar mudar a índole dos menos afortunados
de hombridade e dignidade, um esquisito que faz questão de chegar ao ginásio há
meia-noite somente para treinar sozinho, sem ninguém para atrapalhar ou a fazer
perguntas, um anti-social que faz questão de sair das festas de família mais
cedo que todos os outros para fazer mais duas refeições antes de dormir.
Ser um atleta de verdade, não é necessário nada
mais do que tomar a decisão correta. Não te tornas um culturista, não ganhas
gosto pelo desporto por um mero acaso, não entras neste jogo por modinha, TU
NASCES UM BODYBUILDER!
Qualquer culturista profissional tem em mente, desde o
primeiro dia, o que precisa de fazer para alcançar o seu sonho. Todos sem
exceção eram mais maduros e reflexivos do que o costume para a sua idade, nós
nascemos com a disciplina colada na alma, já carregamos em nós a rigidez e o
compromisso com a rotina, seja na escola, no trabalho ou no relacionamento com
os pais, já éramos diamantes brutos que precisavam apenas de tempo para serem
lapidados.